domingo, 5 de setembro de 2010

Fatores Ambientais que Influenciam o QI

O debate sobre a influência genética e ambiental no QI tem produzido pesquisas no decorrer dos anos. Entre os fatores ambientais que influenciam de maneira significativa o QI estão:

1) Aleitamento Materno:  A duração da amamentação na infância tem sido relacionada com escores de QI mais altos em crianças. O aleitamento  está associado com um aumento de 2 a 5 pontos nos no QI de bebês nascidos a termo e 8 pontos em bebês prematuros.


2) Aporte Nutricional: Um estudo controlado publicado recentemente mostrou associação entre inteligência e dieta na idade de 3 aos 7 anos , com uma amostra composta por 591 crianças. Entre os alimentos que mostraram essa correlação positiva estão:

a) Peixe- Crianças que comeram peixe pelo menos uma vez por semana aos 7 anos de idade tiveram escores significativamente mais altos que crianças que não comeram, com uma diferença de 3,5 pontos no QI. Peixes contêm nutrientes essenciais à cognição, como zinco, ferro, vitamina B12, iodo, além de ser uma excelente fonte  de proteínas. Alguns peixes fornecem omega-3, uma tipo de  gordura importante para a transmissão neuronal.


b) Pães e Cereais- Aos 3 anos e meio de idade , a diferença no escore de QI total para crianças que comeram pães e cereais 4x por semana foi de 4 pontos , comparativamente às crianças que não comeram. Esses alimentos são ricos em ferro e folato, que participam do desenvolvimento cognitivo.

c) Margarina- Aqui a correlação é negativa. Isto é, crianças que comeram margarina diariamente tiveram escores de QI 3 pontos abaixo do que aquelas que não comeram. Esse impacto foi maior em crianças que nasceram com baixo peso. Aos 7 anos de idade, aquelas crianças que comeram margarina  diariamente, tiveram uma redução no escorre de QI em 6 pontos, comparativamente com as crianças que não comeram.
A manteiga, por outro lado, não demonstrou impacto negativo na inteligência. Aos 3 anos, o consumo de manteiga foi associado positivamente com a inteligência, em crianças abaixo do peso. O problema da margarina é a existência de gorduras trans na sua composição, o  que rebaixa o funcionamento cognitivo. Elas também diminuem o metabolismo das gorduras saudáveis omega-3.

3) Globalização e a Era da Informação- O psicólogo James Flynn notou um aumento médio de QI em torno de 3 pontos por década no decorrer do século. Esse aumento consistente foi observado através do planeta em todos países e raças. Em 1955, com a publicação da escala Weschler( WAIS) para mensuração de QI em adultos, o escore médio padronizado para a idade de 20 anos foi 100. Vinte anos mais tarde, o mesmo teste detectou um escore médio de 115. O QI aumentou na população. Esse fenômeno recebeu o nome de Efeito Flynn. Isso demonstra uma influência ambiental significativa,  devido à disseminação de informações globais e melhora da nutrição alimentar. Muitos estudos demonstraram que crianças que não frequentam a escolas têm escores menores de QI em comparação com as que frequentam. Em 1960, quando algumas escolas  públicas americanas fecharam suas portas, para evitar a integração racial, escolas particulares foram disponibilizadas para suprir a demanda de crianças brancas. Crianças afro-americanas, que não receberam educação formal naquele período tiveram uma queda de 6 pontos no QI por ano. Além da educação, mudanças culturais e ambientes mais estimulantes intelectualmente na era do conhecimento tiveram um grande impacto no aumento dos níveis de inteligência.

4) Treinamento Cognitivo em adultos- O treinamento da memória de trabalho, através do exercício N-dual back demonstrou elevação do QI em 40 %, repercutindo na inteligência fluida, medida em testes padronizados. Esse exercício demonstrou aumentar a densidade dos receptores neuronais para dopamina, envolvida com alta cognição, além da elevação da atividade neuronal no lobo pré-frontal, responsável pelo raciocínio abstrato. Essas mudanças funcionais melhoram as conexões sinápticas através do mecanismo da plasticidade neuronal.




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