Bradley Cooper e Robert De Niro são as estrelas do filme Limitless, um thriller de ação , com uma boa dose de paranoia e perseguição. O enredo é sobre um escritor cuja vida é transformada por uma " droga inteligente" ultrassecreta, que permite o uso de 100 % de seu cérebro e assim o transforma numa versão perfeita de si mesmo. Suas habilidades extraordinárias logo atraem forças que ameaçam a sua nova vida.
A busca de medicamentos capazes de expandir o limite intelectual do homem já está em fase de pesquisa e desenvolvimento. Essas drogas mostram alguns efeitos sobre o sono, a memória e o estado emocional dos participantes. Especialistas no mundo inteiro estão discutindo os limites dessas drogas e as repercussões biológicas e sociais decorrentes de suas outras possíveis indicações além das já conhecidas atualmente. Os principais candidatos , até o momento, são o metilfenidato( ritalina), a modafinila( stavigile) e o donepezil( Eranz).
O futuro já começou e muitas indústrias farmacêuticas estão investindo na pesquisa de outras classes medicamentosas com potencial de aprimoramento cognitivo. Ainda não se dispõem de dados suficientes para garantir a sua segurança e eficácia em usuários saudáveis, principalmente a longo prazo. Entre as novas classes estão: os Ativadores do receptor nicotínico de acetilcolina, que elevam os níveis do neurotransmissor acetilcolina nas conexões sinápticas pelo estímulo direto ou por agonismo substitutivo. A acetilcolina é o neurotransmissor envolvido na transmissão do impulsos nervosos musculares, na regulação do sistema nervoso autônomo parassimpático e , em nível cerebral, na memória.
O outro grupo são os das Ampaquinas, que atuam em receptores AMPA, que estimulam a transmissão elétrica do principal neurotransmissor excitatório cerebral, o glutamato, envolvido em consolidação de memórias de longa duração.
O outro grupo são dos Inibidores da fosfodiesterase(FDE), que permite a ativação prolongada de moléculas intracelulares, como a AMPC cíclico, um mediador de respostas moleculares, principalmente uma proteína chamada CREB, também importante na consolidação de memórias de longa duração.
O outro grupo são dos Anti-histamínicos, que bloqueiam um receptor da histamina( H3),responsável por o estado de vigília e atenção em nível cerebral.
A premissa do filme é de que um medicamento pudesse intensificar a utilização perfeita de todo o potencial cerebral . Já usamos 100% do nosso potencial cerebral, mas a eficiência do uso é que se tenciona aprimorar. Todas as áreas cerebrais são ativadas direta ou indiretamente em diferentes atividades neuronais ou funções. Mesmo através da análise por neuroimagem funcional, aquelas áreas que não se ativam diante de tarefas específicas , estão em estado de latência de captação, mas provalmente estão atuando em conjunto com os grandes agrupamentos neuronais( redes cognitivas) que disparam impulsos elétricos captáveis pelos aparelhos.
Usamos 100% do nosso potencial cerebral, tanto para tarefas simples como para tarefas complexas. O que muda são as vias preferenciais( redes neuronais), de acordo com a estrutura neuroanatômica e as vias sinápticas fortalecidas pelo uso.
Será que é possível ficar mais inteligente , ingerindo uma pílula?
No filme, as funções que se tornam bastante afiadas são as perceptivas. "E a percepção governa a inteligência e é o se atributo mais importante"( trecho extraído do livro As Duas Inteligências). Portanto, no filme, o protagonista fica muito inteligente, pois começa a perceber nuances e a realizar associações rápidas( cognições analógicas), o que permite ampliar tanto a utilização de mais grupos neuronais, como aumentar o potencial criativo, pela interação de uma diversidade de assuntos aparentemente não correlacionados. Então ele transita em diferentes áreas do conhecimento e aprende com muita rapidez. No filme, ele fica mais inteligente.
Na vida real, o uso de creatina, já demonstrou, numa pesquisa em 2006, aumentar a inteligência fluida em 40 % depois de 6 semanas de uso diário. Portanto, já temos aprimoradores cognitivos disponíveis no mercado, a baixo custo.
Os medicamentos possuem uma tradição de uso terapêutico, isto é, eram originalmente desenvolvidos para tratar, curar ou controlar doenças. Na atualidade a Medicina tenta evoluir um passo adiante, buscando desenvolver medicamentos que não somente devolvam o paciente ao seu estado basal( prémórbido), mas que o levem acima da sua linha de base biológica e social. Não basta corrigirmos o defeito, é preciso aprimorarmos as qualidades. Assim caminham áreas especializadas, como a cirurgia plástica estética e a psiquiatria e neurologia estéticas.
Seria ético aprimorar capacidades normais para extratos funcionais supranormais?
Seria moralmente aceitável?
Esses e outros questionamentos surgem em debates de diferentes correntes do conhecimento humano. Sabemos que a sociedade é farmacodependente em maior ou menor grau, pela sua orientação em busca de curas imediatas, soluções mágicas e resultados excelentes. Estudantes abusam de ritalina para realização de provas, mesmo sem acompanhamento médico ou doença que justifique o uso. Caminhoneiros usam os "rebites"( anfetamínicos) para ficarem acordados durante jornadas extenuantes de trabalho. Pessoas usam álcool "socialmente" para desinibição em festas e coqueteis. Não vamos nem entrar no tema outras drogas de abuso , que causam dependências, pela busca de efeitos psicotrópicos diversos. Então, numa sociedade que abusa de diferentes substâncias, lícitas e ilícitas, qual seria a restrição ao uso dos aprimoradores cognitivos? É uma questão em aberto ainda.
Um aspecto relevante para a liberação do uso de aprimoradores cognitivos é que eles podem ser inseguros a curto e longo prazo, algo que as pesquisas precisam levar em consideração, para preservar a saúde humana. Trata-se de aplicar um avanço artificial em redes neuronais naturais e produzir efeitos quimicamente mediados. Isso pode produzir efeitos colaterais indesejáveis e perigosos, além de risco a longo prazo. Uma coisa é precisar tomar medicamentos, como no caso dos diabéticos, dos hipertensos, dos esquizofrênicos, dos cardiopatas, dos depressivos crônicos, outra coisa distinta, é escolher tomar medicamentos sem haver necessidade primordial.
Haverá o desenvolvimento de dependência emocional e/ou física , pois a ação reforçadora do hábito e a recompensa ao alcançar desempenhos melhores se estabelecerá como um padrão inconsciente. Ninguém vai arriscar ir mal numa prova e ficar em condição de desigualdade em relação a outros estudantes que usam. Haverá o efeito "calmante" do uso, que aumenta a segurança de estar em plenas condições de performance, da mesma maneira que jovens usam o viagra para evitar "falhar" nas relações sexuais. Estabelecer-se-ia um padrão generalizado de uso, e assim estaríamos diante de uma epidemia de dependência de massa. Os laboratórios vislumbram isso? E ainda legalizado?
Hoje o café é a bebida mais consumida do mundo. E ele parece ter benefícios para a saúde. Quem não aprecia um cafezinho, mesmo não sendo funcionário público, depois do almoço, pelo prazer do relaxamento e excitação que causa. Nosso cérebro é evolutivamente aparelhado para tornar-se dependente. Temos um circuito do prazer em permanente estado de vigilância, em busca da próxima droga ou situação que cause PRAZER! E depois permanece ativo para evitar que esse prazer vá embora e no seu lugar se estabeleça a DOR. Isso é dependência.
O debate em torno de aprimoradores cognitivos se faz num momento histórico que se exigem velocidades altas na aprendizagem e aumento desenfreado da competitividade econômica, com a desumanização. Drogas que pudessem melhorar o desempenho de "robôs humanos", que dormiriam menos, aprenderiam mais, trabalhariam além de suas forças naturais, seria benfazejo para o capitalismo global. Mas seria bom para o homem individual? No filme, isso fica bem claro, justamente foi a área econômica a escolhida pelo protagonista para usufruir do seu brilhantismo artificial. Não foi nas artes, nos projetos sociais ou outros âmbitos mais esteticamente orientados.
Já prescrevemos muitos medicamentos veiculados como possíveis aprimoradores cognitivos. Entretanto, observamos que nenhum paciente ficou mais inteligente por isso. O que comprovamos, sim, é que portadores de Déficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH), que estavam prejudicados no seu desempenho cognitivo( e portanto menos inteligentes) puderam recuperar o seu potencial cognitivo inato( isso não é o mesmo que dizer que ficaram mais inteligentes). A ritalina possui o potencial de corrigir, com excelentes resultados, o TDAH moderado à grave. Mas nos pacientes com TDAH leve ou ausente, a melhora se mostra discreta ou inexistente. Quanto ao modafinil, que atua em narcolepsia e sonolência diurna, observamos resultados muito discretos, sem relação com melhora cognitiva mensurável. O donepezil continua em uso clínico somente em pacientes com doença de Alzheimer e não o utilizamos com outro propósito até o momento. Os antidepressivos devolvem a funcionalidade neuroquímica aos portadores, melhorando os parâmetros cognitivos, incluindo o raciocínio e a memória. Isto é uma recuperação ao estado prévio, não um aprimoramento. Portanto, até o momento, não há evidências concretas , robustas e replicáveis de que esses medicamentos sejam aprimoradores cognitivos, mas somente medicamentos para transtornos mentais específicos.
LEITURA DINÂMICA E ESTUDO
O outro grupo são dos Inibidores da fosfodiesterase(FDE), que permite a ativação prolongada de moléculas intracelulares, como a AMPC cíclico, um mediador de respostas moleculares, principalmente uma proteína chamada CREB, também importante na consolidação de memórias de longa duração.
O outro grupo são dos Anti-histamínicos, que bloqueiam um receptor da histamina( H3),responsável por o estado de vigília e atenção em nível cerebral.
A premissa do filme é de que um medicamento pudesse intensificar a utilização perfeita de todo o potencial cerebral . Já usamos 100% do nosso potencial cerebral, mas a eficiência do uso é que se tenciona aprimorar. Todas as áreas cerebrais são ativadas direta ou indiretamente em diferentes atividades neuronais ou funções. Mesmo através da análise por neuroimagem funcional, aquelas áreas que não se ativam diante de tarefas específicas , estão em estado de latência de captação, mas provalmente estão atuando em conjunto com os grandes agrupamentos neuronais( redes cognitivas) que disparam impulsos elétricos captáveis pelos aparelhos.
Usamos 100% do nosso potencial cerebral, tanto para tarefas simples como para tarefas complexas. O que muda são as vias preferenciais( redes neuronais), de acordo com a estrutura neuroanatômica e as vias sinápticas fortalecidas pelo uso.
Será que é possível ficar mais inteligente , ingerindo uma pílula?
No filme, as funções que se tornam bastante afiadas são as perceptivas. "E a percepção governa a inteligência e é o se atributo mais importante"( trecho extraído do livro As Duas Inteligências). Portanto, no filme, o protagonista fica muito inteligente, pois começa a perceber nuances e a realizar associações rápidas( cognições analógicas), o que permite ampliar tanto a utilização de mais grupos neuronais, como aumentar o potencial criativo, pela interação de uma diversidade de assuntos aparentemente não correlacionados. Então ele transita em diferentes áreas do conhecimento e aprende com muita rapidez. No filme, ele fica mais inteligente.
Na vida real, o uso de creatina, já demonstrou, numa pesquisa em 2006, aumentar a inteligência fluida em 40 % depois de 6 semanas de uso diário. Portanto, já temos aprimoradores cognitivos disponíveis no mercado, a baixo custo.
Os medicamentos possuem uma tradição de uso terapêutico, isto é, eram originalmente desenvolvidos para tratar, curar ou controlar doenças. Na atualidade a Medicina tenta evoluir um passo adiante, buscando desenvolver medicamentos que não somente devolvam o paciente ao seu estado basal( prémórbido), mas que o levem acima da sua linha de base biológica e social. Não basta corrigirmos o defeito, é preciso aprimorarmos as qualidades. Assim caminham áreas especializadas, como a cirurgia plástica estética e a psiquiatria e neurologia estéticas.
Seria ético aprimorar capacidades normais para extratos funcionais supranormais?
Seria moralmente aceitável?
Esses e outros questionamentos surgem em debates de diferentes correntes do conhecimento humano. Sabemos que a sociedade é farmacodependente em maior ou menor grau, pela sua orientação em busca de curas imediatas, soluções mágicas e resultados excelentes. Estudantes abusam de ritalina para realização de provas, mesmo sem acompanhamento médico ou doença que justifique o uso. Caminhoneiros usam os "rebites"( anfetamínicos) para ficarem acordados durante jornadas extenuantes de trabalho. Pessoas usam álcool "socialmente" para desinibição em festas e coqueteis. Não vamos nem entrar no tema outras drogas de abuso , que causam dependências, pela busca de efeitos psicotrópicos diversos. Então, numa sociedade que abusa de diferentes substâncias, lícitas e ilícitas, qual seria a restrição ao uso dos aprimoradores cognitivos? É uma questão em aberto ainda.
Um aspecto relevante para a liberação do uso de aprimoradores cognitivos é que eles podem ser inseguros a curto e longo prazo, algo que as pesquisas precisam levar em consideração, para preservar a saúde humana. Trata-se de aplicar um avanço artificial em redes neuronais naturais e produzir efeitos quimicamente mediados. Isso pode produzir efeitos colaterais indesejáveis e perigosos, além de risco a longo prazo. Uma coisa é precisar tomar medicamentos, como no caso dos diabéticos, dos hipertensos, dos esquizofrênicos, dos cardiopatas, dos depressivos crônicos, outra coisa distinta, é escolher tomar medicamentos sem haver necessidade primordial.
Haverá o desenvolvimento de dependência emocional e/ou física , pois a ação reforçadora do hábito e a recompensa ao alcançar desempenhos melhores se estabelecerá como um padrão inconsciente. Ninguém vai arriscar ir mal numa prova e ficar em condição de desigualdade em relação a outros estudantes que usam. Haverá o efeito "calmante" do uso, que aumenta a segurança de estar em plenas condições de performance, da mesma maneira que jovens usam o viagra para evitar "falhar" nas relações sexuais. Estabelecer-se-ia um padrão generalizado de uso, e assim estaríamos diante de uma epidemia de dependência de massa. Os laboratórios vislumbram isso? E ainda legalizado?
Hoje o café é a bebida mais consumida do mundo. E ele parece ter benefícios para a saúde. Quem não aprecia um cafezinho, mesmo não sendo funcionário público, depois do almoço, pelo prazer do relaxamento e excitação que causa. Nosso cérebro é evolutivamente aparelhado para tornar-se dependente. Temos um circuito do prazer em permanente estado de vigilância, em busca da próxima droga ou situação que cause PRAZER! E depois permanece ativo para evitar que esse prazer vá embora e no seu lugar se estabeleça a DOR. Isso é dependência.
O debate em torno de aprimoradores cognitivos se faz num momento histórico que se exigem velocidades altas na aprendizagem e aumento desenfreado da competitividade econômica, com a desumanização. Drogas que pudessem melhorar o desempenho de "robôs humanos", que dormiriam menos, aprenderiam mais, trabalhariam além de suas forças naturais, seria benfazejo para o capitalismo global. Mas seria bom para o homem individual? No filme, isso fica bem claro, justamente foi a área econômica a escolhida pelo protagonista para usufruir do seu brilhantismo artificial. Não foi nas artes, nos projetos sociais ou outros âmbitos mais esteticamente orientados.
Já prescrevemos muitos medicamentos veiculados como possíveis aprimoradores cognitivos. Entretanto, observamos que nenhum paciente ficou mais inteligente por isso. O que comprovamos, sim, é que portadores de Déficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH), que estavam prejudicados no seu desempenho cognitivo( e portanto menos inteligentes) puderam recuperar o seu potencial cognitivo inato( isso não é o mesmo que dizer que ficaram mais inteligentes). A ritalina possui o potencial de corrigir, com excelentes resultados, o TDAH moderado à grave. Mas nos pacientes com TDAH leve ou ausente, a melhora se mostra discreta ou inexistente. Quanto ao modafinil, que atua em narcolepsia e sonolência diurna, observamos resultados muito discretos, sem relação com melhora cognitiva mensurável. O donepezil continua em uso clínico somente em pacientes com doença de Alzheimer e não o utilizamos com outro propósito até o momento. Os antidepressivos devolvem a funcionalidade neuroquímica aos portadores, melhorando os parâmetros cognitivos, incluindo o raciocínio e a memória. Isto é uma recuperação ao estado prévio, não um aprimoramento. Portanto, até o momento, não há evidências concretas , robustas e replicáveis de que esses medicamentos sejam aprimoradores cognitivos, mas somente medicamentos para transtornos mentais específicos.
LEITURA DINÂMICA E ESTUDO