A beleza tem sido considerada um capital no mercado de trabalho, juntamente com os outros capitais já conhecidos, como o capital humano, o social e o econômico. A aparência é um fator influente nos resultados pessoais e profissionais. Pela primeira vez, estudos científicos demonstraram o peso da beleza na configuração da renda.
"As muito feias que me perdoem , mas beleza é fundamental", prenunciava o poeta-cientista Vinicius de Moraes, muito antes da ciência resolver estudar o tema. Como ele, tínhamos a impressão de que a beleza era importante, a começar pelo efeito prazeroso sobre nossos sentidos. A ciência tem estudado , cada vez mais, temas de interesse cotidiano, para confirmar nossas intuições e nosso senso comum. A beleza nos atrai, nos seduz, nos gratifica, nos causa prazer! Prazer direto ou indireto. Como isso não iria afetar todos os âmbitos, inclusive o profissional? Cada vez mais mulheres bonitas se lançam no mercado de trabalho, competindo por espaço no disputado mundo corporativo.
Pode parecer injusto para os pouco aquinhoados pela beleza, por se tratar de um atributo escasso, mas quem disse que a vida existe para ser justa? A vida é um jogo em diversos aspectos e a beleza desempenha um papel relevante. Estima-se que apenas 3 % das mulheres e 2 % dos homens são considerados muito bonitos. A maioria das pessoas , em torno de 51 % possuem uma beleza comum, 27 a 31 % são bonitos acima da média, 11 a 13 % são sem atrativos especiais e 1 a 2 % são feios!! Da mesma maneira que outros traços humanos, como a inteligência, a beleza se distribuiu numa curva em forma de sino, onde os extremos, beleza e feiura, são percentualmente menores.
Falando em inteligência, o propósito do blog, somente a inteligência e a autoconfiança são mais importantes na determinação da renda. Num fator preditivo máximo de 1, a inteligência alcança o índice de 0,52. A autoconfiança alcança o índice de 0,23 e a atração física, 0,21. A educação continua relativamente importante, em torno de 0,l8.
Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha em 1991 descobriu que a aparência aumenta a renda em 20 % para os homens e 13 % para as mulheres, se a pessoa for atraente. Se a pessoa for alta, aumenta em 23 % para os homens e 26 % para as mulheres. Se for obesa, o efeito é negativo, reduz a renda em 13 % para os homens e 16 % para as mulheres.
O capital erótico é composto pela beleza, a sensualidade, a vivacidade, as habilidades sociais, a apresentação e a sexualidade.
A beleza tem relação com os traços faciais. Quanto mais simétricos, mais bela é a pessoa, universalmente falando e desde a antiguidade.
A sensualidade tem relação com o corpo e não com a face. A maneira como a pessoa se move, fala e se comporta.
A vivacidade tem haver com o humor e a boa forma física.
As habilidades sociais incluem a capacidade de interagir socialmente, com charme e graça.
A apresentação inclui os cuidados pessoais, a roupa, o corte de cabelo , o uso de perfume, joias e acessórios.
A sexualidade inclui a competência na cama, a energia e a imaginação.
Tendo em vista os fatores listados acima, constatamos que o capital erótico é muito importante e não deve ser desprezado. Observe que a beleza é um fator, mas existem muitos outros na equação, que podem ser aprimorados, mas provavelmente não esconderão a feiura! A beleza eclipsada pela ausência dos outros fatores, pode ser ressaltada. No fim, a beleza continua fundamental. Muitas modelos são descobertas em bairros pobres. Depois de um "banho de loja", aulas de etiqueta, curso de oratória, uma passagem num sex shop, transformam-se em beldades internacionais.
Esses estudos nos levam a reflexões. A beleza nos atrai porque somos atraídos por tudo que causa prazer e somos repelidos por tudo que causa desprazer. Isso acontece em nível cerebral, não são escolhas, mas respostas automáticas.
Fonte: Revista Época/26 de setembro