domingo, 29 de agosto de 2010

Escutar Mozart não deixa as Pessoas mais Inteligentes

Por mais de 15 anos cientistas vêm discutindo os efeitos  decorrentes do hábito de  escutar música clássica na performance cognitiva. Um grupo de pesquisadores liderados por Jakob Pietschnig, Martin Voracek e Anton K. Formann, da Universidade de Viena,  apresentou os resultados definitivos de uma metanálise no US Journal Intelligence. Os novos achados sugerem não haver evidências a favor de  melhoramento cognitivo específico simplesmente por escutar a música de Mozart.

Em 1993 , no Jornal Nature, o psicólogo Frances H. Rauscher e associados, da Universidade da Califórnia em Irvine, relataram  melhoramento em tarefas espaciais entre estudantes após exposição à música de Mozart. A sonata 1781 por dois pianos em D maior( KV 448) supostamente melhoraria as habilidades cognitivas através da  mera audição. Mesmo tendo chamado pouca atenção da comunidade científica, o jornal The New York Times escreveu que "escutar Mozart poderia dar aos estudantes um impulso extra na realização do SAT", Teste de Aptidão Escolar( espécie de vestibular americano). Esse trabalho começou a criar a especulação de que escutar Mozart fosse uma descoberta mágica para aumentar a inteligência  em crianças.

No embalo dessa onda, o governador da Geórgia, Zell Miller, assegurou , em declaração em 1998, que cada mãe de recém-nascidos receberia um CD de música clássica. No mesmo ano, o estado da Flórida aprovou uma lei, requerendo que Centros de Cuidado Diários , mantidos pelo governo, tocassem uma hora de música clássica por dia.

Na comunidade científica, entretanto, os achados de Rauscher foram recebidos com ceticismo, e a replicação dos resultados ao redor do mundo foram surpreendentemente difíceis de realizar.
O estudo da Universidade de Viena sintetizou os registros completos sobre o tópico.  Esses estudos foram coletados numa investigação sistemática de 40 trabalhos independentes publicados e também trabalhos acadêmicos não publicados nos Estados Unidos e no mundo, totalizando 3000 participantes. As conclusões são claras- com base nas evidências acumuladas, não há suporte para ganhos em habilidade espacial especificamente devido à audição da música de Mozart.

O " Efeito Mozart" não foi confirmado. O efeito Mozart é uma lenda, listado como o número 6 no livro recente do psicólogo Scott E. Lilienfeld, "50 Great Myths of Popular Psychology".

Portanto, escute Mozart por prazer, mas não espere o aumento da sua inteligência por isso.

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