quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Cérebro Precisa de Assuntos Difíceis para Aproveitar a Neurogênese

Até a década de 90, o paradigma científico acreditava que o cérebro adulto não produzia novos neurônios, só perdia.

Isso caiu por terra, depois que se descobriu , através de novas evidências neurobiológicas, que o cérebro produz milhares de novos neurônios todos os dias, principalmente no hipocampo, área cerebral responsável pela memória e aprendizagem. Na verdade, o cérebro adulto de mamíferos produz neurônios , incluindo o homo sapiens. Esses neurônios novos surgem numa região do hipocampo chamada giro dentado e recebe o nome de neurogênese.

Em cérebro de ratos nascem 5000 a 10 000 neurônios diariamente. Ainda não sabemos quantos neurônios nascem  em cérebros humanos.

Os exercícios físicos e o uso de antidepressivos aumentam a taxa de geração de novos neurônios, enquanto que o consumo de álcool e nicotina retardam essa geração.

Produzir novos neurônios não significa que esses neurônios serão aproveitados.A maioria dos neurônios morre poucas semanas depois. Os trabalhos demonstram que a "estimulação cognitiva" é essencial para  que esses neurônios sejam resgatados e integrados a neurônios já existentes. Sem aprendizagem, os neurônios recém-nascidos  morrem! Mas o dado mais excepcional das pesquisas é que não serve qualquer tipo de aprendizagem. Somente tarefas difíceis de aprender conseguem resgatar os neurônios. Tarefas que exigem mais do raciocínio ou que demoram mais para serem dominadas, ativam de modo mais vigoroso as redes neuronais no hipocampo que incluem esses neurônios recém-nascidos. Em roedores, o tempo entre a  geração de uma célula tronco, que se transformará em neurônio imaturo e posteriormente em neurônio adulto leva de 7 a 14 dias. Esse é o tempo para que os estímulos cognitivos em ratos salvem essa leva  de neurônios. Tarefas difíceis mobilizam os neurônios de grande parte do hipocampo , o que facilita a formação de redes cognitivas. Se o ratinho é desafiado a aprender todos os dias, os neurônios permanecem vivos. Isso provavelmente( aguarda confirmação científica) acontece também no cérebro do Homo sapiens.

Pessoas que se submeteram à quimioterapia  para tratar o câncer desenvolveram uma síndrome chamada"químio-cérebro", que se caracteriza por dificuldades de aprendizagem de novas informações. A morte dos proto-neurônios ocorre porque a quimioterapia mata células que estão em multiplicação( cancerígenas) e também células tronco neuronais!

2 comentários:

  1. Olá,
    lendo o texto acima, deparei-me com a seguinte frase: "o uso de antidepressivos aumentam a taxa de geração de novos neurônios", seria esta a causa de que os Bipolares passam momentos de "alta produção", tenho lido que na grande maioria, as pessoas que sofrem de TAB, resistem ao tratamento justamente por conta de no estado de mania, serem altamente "produtivas". Acaso, quando a dose do antidepressivo é prescrita em dosagem errônea, poderia estar contribuindo para a mania. E a mania estaria entao relacionada com o acrescimo na produçao de neuronios?
    Ficou a incognita...

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  2. Olá, Mariane. Obrigado pela participação.
    Vamos aos esclarecimentos:

    Os momentos de "alta produção" dos bipolares não tem nada haver com a geração de novos neurônios. A "alta produção" geralmente é um estado de euforia, pensamentos acelerados, inerentes ao transtorno.
    Os antidepressivos podem piorar o estado de mania. Sim, muitos bipolares resistem ao tratamento, porque "acreditam" que são mais produtivos durante essa fase de elevação do humor. Na verdade, elas acham que estão mais produtivas, mas estão menos produtivas, porque a mente fica num turbilhão. Mas o foco se perde, a pessoa rende menos do que quando equilibrada pelos medicamentos.
    A mania está relacionada com a morte de neurônios. Os antidepressivos e estabilizadores de humor bloqueiam esse processo, pela estimulação da neurogênese, isto é, o desenvolvimento de novos neurônios, principalmente no hipocampo e giro dentado.
    Nenhuma doença mental é boa para a saúde do cérebro.

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