quinta-feira, 5 de maio de 2011

Memórias de um Ex-Vestibulando

O vestibular ou qualquer concurso demanda  investimento de tempo, energia, dinheiro e expectativas.

Hoje acordei pensando nos meus tempos de vestibulando. Oh, tempo bom aquele! Principalmente porque durou apenas um mês! Emagreci 4 quilos! Depois que voltei para a minha cidade, dormi uma semana inteira sem interrupções.

Admiro as pessoas que se dedicam a estudar para um concurso ou para o vestibular. Na verdade, ser concurseiro  ou vestibulando é uma "profissão transicional". Não se é nada oficialmente, mas um vir a ser. Nesse "limbo", como me referiu um vestibulando recentemente, vai se (sobre) vivendo na busca de sonhos!

Acredito que a vida é feita de fases. Quando navegamos na onda sincrônica das boas fases, a vida torna-se mais fácil, as conquistas acontecem naturalmente. Presumo que o meu destino era passar no vestibular. Se existe um " fator sorte", ele atua na fase em que vivemos. Não existe sorte para aprovação no concurso ou vestibular concorrido. É preciso estudo, dedicação, autoconfiança e sorte no momento de vida!

 A minha sorte vinha de um colégio bom e eu gostava de estudar. Só fazia aquilo! Tive a oportunidade de ampliar o meus acertos em uns 30 % , através  do cursinho pré-vestibular intensivo de dezembro. Eu era excelente estudante, e o primeiro prenúncio da aprovação iminente  aconteceu quando consegui me perder na "imensa" cidade de Santa Maria, RS. Prenúncio, porque todo o "calouro" é meio perdido no campus quando começa a faculdade. Quase uma barata tonta. Perdi-me e cheguei  vinte minutos atrasado na aula de matemática do Ivo no Master.

A minha dieta de vestibulando era invariável. Nunca fui bom na cozinha, nem tinha tempo para distrações. Consistia em bolacha Maria e café preto. Entendi que a perda de peso foi mais uma questão de alimentação do que de estresse emocional. Aqueles quatro quilos fizeram falta para o meu corpo, mas certamente não afetaram a minha mente. Desenvolvi " um calo nadegal" porque o osso traseiro sentava direto na cadeira dura do cursinho. Isso vai machucando com o tempo, sabe? Hoje abro os jornais, cheio de orientações nutricionais , coma  isso, não coma aquilo, leve uma barra de chocolate para dar energia e, naquela época, ninguém me orientou! Não lia jornais, a não ser as notícias políticas, então não tinha acesso a informações importantes para a aprovação.

Falando em comida, um abraço para colega Fabio Comarú, o nosso gourmet. Ele preparava uns lanchinhos vespertinhos interessantes. Mal começávamos a estudar , ele batia na porta : __ " hora do lanche"! Aqueles lanchinhos mantiveram meu cerebro funcionando!

Hoje acompanho vestibulandos, concurseiros e admiro a longevidade deles na profissão.

Sinceramente, se eu fosse vestibulando hoje, não teria a mesma disposição que tinha quando passei na primeira vez. Dizem que são os anos que nos tornam mais seletivos. A experiência. Eu digo que foi a sorte no momento de vida. "Há tempo para semear e tempo para colher", mas sempre há um tempo certo aqui na Terra para projetos e sonhos. Quando esse tempo passa, os sonhos ficam velhos.

Os vestibulandos e concurseiros merecem a nossa admiração. Não sou eu que vou dizer algo para desmerecer essa jornada. Cada pessoa caminha solitária pela estrada da vida, apesar dos aplausos e vaias da turma da arquibancada- pais, amigos e invejosos.

Há um " timing" para o universo conspirar a nosso favor. Denominamos isso de sincronicidade. Até tinha uma comunidade no falecido Orkut chamada " Sincronicidade". Mas fiquei fora uns dias e o Ivan pegou a comunidade para ele. Depois ela desapareceu. Talvez porque havia um tempo para o Orkut. Ainda sou usuário esporádico do Orkut, mas ele está muito facebook para o meu gosto pessoal. Prefiro o original ao genérico! Pergunte a qualquer paciente que oriento e eles confirmarão.

Acho que desviei do tema? Isso é imperdoável numa redação. Mas aqui no blog sinto-me livre para divagar. No papel de vestibulando ou concurseiro, tudo é muito exato, regras, fórmulas e macetes. Hoje não consigo viver assim. Por isso  não sou um bom vestibulando, nem concurseiro. Passou o meu tempo. Mas ainda tenho as memórias vivas dentro de mim. "Tempo bom aquele, que não volta mais", nem espero que volte.

Você, que está no sexto vestibular de Medicina, ou já completou um mandato como concurseiro profissional, a minha admiração. Estranho as coisas que a minha capacidade não consegue executar. Mas logo me lembro, alertado pela minha secretária Erami, __"o que a sua capacidade não consegue executar?" Boa pergunta. Gosto de perguntas pertinentes. Ela demonstra que merece o seu trabalho aqui no consultório.

Não consigo executar todas as coisas que já estão fora da minha fase de vida. Talvez seja a maturidade, ou o envelhecimento. __" Realismo", grita a minha consciência. Não consigo executar todas as coisas que decidi  não executar mais. Aqui tenho certeza, a palavra  é autonomia. Mas para ter autonomia, é preciso estudar. É preciso trabalhar. Está começando a ficar menos estranha a caminhada desses vestibulandos e concurseiros. Não está na hora da aula?













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