sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Pais e Filhos tão diferentes



Deve haver uma boa explicação para que pais normais tenham filhos problemáticos. Ou melhor dizendo, pais de 4 filhos , por exemplo. Um deles é a "ovelha negra".Os outros três não causam problemas maiores. Imaginem, os mesmos pais , o mesmo ambiente e personalidades tão diferentes. Como explicar? Não quero ser parcial, também existem pais mentalmente enfermos que geram filhos aparentemente normais. O que acontece? O normal é que famílias disfuncionais gerem filhos problemáticos. Isso seria o esperado. Mas quando a regra não se verifica? Como explicar tantas diferenças e disparidades?


Vamos às teorias. Na minha concepção essa mania de inventar "teorias" é algo exclusivamente humano. Como somos desejosos de encontrar explicações, criamos teorias para explicar o mundo, para acalmar o caos que nos habita. Se inventamos teorias, não podemos ter a pretensão de que uma teoria é a teoria. Faz mais sentido entendermos que muitas teorias podem lançar luz imperfeitamente sobre a obscuridade da nossa ignorância. O sonho da ciência não é inventar teorias, mas descobrir teorias. O sonho dos filósofos é inventar teorias. A vida é uma mistura filosófica e científica. Uma pouco mais para lá, ou pouco mais para cá.


Voltemos à assimetria pais-filhos. Por que tanta diversidade de comportamentos? Nunca enxerguei a parentalidade como uma linha de montagem, apesar de ser o sonho de consumo de muitas famílias. "Criar filhos a sua imagem e semelhança" é o desejo dos pais educadores e disciplinadores. Lamento informar-lhes que isso não funciona. Em matéria de formação de filhos, minha avó tinha razão: "está mais para loteria, do que para psicologia." Mas e o Freud, a psicologia infantil, Winicott e afins? Eles são muito interessantes, mas não conseguiram formular uma lei geral do desenvolvimento mental dos filhos do mundo.


Acredito que os pais influenciam os filhos. Primeiro presenteando-os com os genes. Não é pouca coisa. Somos casados com nossos genes. Mas o ambiente vai expressar os genes conforme os estímulos que produzir na vida dos filhos. Os pais têm a sensação de controle, porque lidam com fases precoces do desenvolvimento: maturação, amamentação, cuidados infantis. Mas a natureza não vive de poesia. Depois que crescem, os filhos fazem besteiras! Se assim não fosse, não haveria mães desesperadas por aí. A influência dos pais é errática. Isto é, pode ser um traço que se incorpora na personalidade ou um traço que se subtrai da personalidade. Apenas traços esparsos, nada muito revolucionário( como gostariam os pais orgulhosos da sua prole!). Os pais transmitem a genética. 50% mãe/ 50 % pai. Pronto!


E a educação? Que educação? Quando os filhos chegam à escola, a sorte já foi lançada! Da mesma maneira que ter um pai rígido( regime militar) não previne que os filhos sejam indisciplinados, nem que filhos de classe média se unam em gangues e cometam infrações por aí. "Os filhos não são dos pais, são do mundo." A Influência dos amigos é mais forte que a influência dos pais e dos professores. Professores? Que palavra que caiu em desuso. Um trabalho feito pela psicóloga Judith Rich Harris em 1998, no livro " Diga-me com quem andas..", relativiza a influência parental a niveis infinitesimais. Segundo ela, os amigos ( ou gangues) determinam comportamentos da idade de 6 a 16 anos, na fase de socialização. Para comprovar o seu ponto de vista, relembra o caso dos filhos de imigrantes. Apesar da religião recebida, o idioma, depois de poucos anos já são totalmente diferentes de suas origens.


Educação pouco importa...( para explicar o tema diferenças) Pais influenciam de maneira errática..( para explicar o tema diferenças).Lembrem-se de que eu estudei em escola de padre, e sou um colorado nada fanático, apesar das influências recebidas! As pessoas constroem suas personalidades, bebendo em diferentes fontes. Mas o resultado final é uma incógnita. Nenhuma incógnita conseguiu ser subjugada por alguma teoria até o momento. Portanto, viva a loteria!!!! Ou como defende o psicólogo evolucionista Steven Pinker, da Universidade de Harvard, alguém já pensou no mero "acaso."?


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